Desconheço a autoria do texto abaixo, o qual pra mim é um dos melhores que já li sobre Deus como nosso Pai.

Embora o dia dos pais tenha sido no domingo, estou postando aqui este excelente texto que fala de uma forma leve e relevante sobre Deus como nosso Pai. Boa leitura!


Imaginemos Deus e seus filhos numa grande casa. São todos adotados. Os “mais velhos” são os que estão na casa há mais tempo; os mais jovens, os recém-adotados. É de se imaginar que, numa casa onde o chefe da família é o “rei da prata e do ouro”, ninguém faça nada. Ou pelo menos não outra coisa além de gozar as delícias da vida. Mas não é assim.

Na casa de Deus Pai há muito esforço e movimentação constante. Os filhos mais velhos trabalham fora. São ministros, missionários, empregados em igrejas e entidades cristãs ou têm ocupações seculares. E, se há diversidade de trabalhos, o objetivo é um só: agradar o Pai. Os filhos sabem que um elogio do Pai é mais valioso que qualquer salário e pode até resultar em bênçãos que o trabalho não pode dar. E o Pai está atento. À noite, em torno da mesa, todos ouvem as considerações do Pai onisciente. Voltando-se para um dos mais velhos, corretor de imóveis, o Pai pergunta:

— Conseguiu vender o bangalô?

— Sim! — responde o filho, orgulhoso. — E pelo preço que eu estava pedindo. O comprador nem pechinchou!

— Mesmo sabendo dos cupins?

O filho fica vermelho, gagueja algo sobre “omitir sem mentir”, mas sabe que o Pai tem razão. Este, por sua vez, suspira desconsolado. Aquela não era a primeira vez, nem seria a última. Quem diria, o Pai todo-poderoso não é respeitado por todos os filhos!

— Você portou-se como um valente, hoje de manhã — disse, dirigindo-se a outro.

Era funcionário de uma grande empresa. Nesse dia, resistira às investidas de uma bela colega. Furiosa por ter sido rejeitada, a mulher passou o resto do dia espalhando comentários pouco lisonjeiros sobre a sua virilidade.

Outro filho, impaciente, reclama:

— Vou perder o ônibus, Pai! Você sabe como essa viagem é importante para mim. — Não entendia por que ele se demorava tanto a liberar alguém para levá-lo à rodoviária. O jovem já percebera que o Pai às vezes agia de modo estranho. Sem dar explicações, de repente negava pedidos os mais simples, cortava a mesada ou proibia uma simples ida ao supermercado. E agora, tinha certeza, ele estava agindo estranho de novo. Finalmente o carro foi liberado, e moço saiu voando pela porta.

Minutos depois, volta o filho da rodoviária.

— Perdi o ônibus! — grita, furioso, atirando a mala sobre um sofá. Depois entra no quarto, batendo a porta com violência.

O Pai nem se mexe. E ainda sorri, quando avista, do outro lado da sala, uma de suas filhas mais recentemente adotadas. Não larga o telefone, contando aos amigos sobre a nova vida. Mas aquela era uma conta que Ele pagava com prazer. Tem planos de enviá-la, mais tarde, ao campo missionário, e sabe que ela corresponderá.

Amanhece. O filho que perdera o ônibus no dia anterior cruza a sala. O Pai está sentado na poltrona e lhe estende o jornal:

— É este o seu ônibus?

O filho não reconhece o monte de metal retorcido que aparece numa grande foto. Só depois de ler dinamicamente a matéria responde, com voz sumida:

— É!

As Escrituras identificam Deus como Pai. E há um fato surpreendente. O Antigo Testamento menciona mais de mil vezes a palavra “pai”, porém apenas quinze se referem a Deus. Essa acepção parece ter se popularizado no tempo de Cristo e dos apóstolos, pois a encontramos mais de duzentas vezes no Novo Testamento. Assim, ter Deus como Pai seria uma prerrogativa da Igreja, nesta era também conhecida por Dispensação da Graça.

A família de Deus não é diferente da ilustração acima. Fomos adotados por Deus, e isso é um privilégio fantástico, um longo salto na hierarquia do Universo. Passamos de criaturas em desgraça a herdeiros do céu. Pode parecer estranho que a família de Deus abrigue filhos desobedientes, inconformados e insubmissos às regras da casa. Alguns até vão embora. Mas, nesse relacionamento, está fora de questão o julgar o Pai. Deus é perfeito e perfeito também o seu amor. Importa, sim, a espécie de filho que somos.

Tudo o que fazemos deve ser para a glória do Pai. Estamos constantemente diante dele, como numa reunião em volta da mesa. Nossos erros e acertos não lhe escapam. E Ele sempre tem para nós a palavra certa, a correção necessária ou a recompensa devida. Limitados, nem sempre somos capazes de entender seus propósitos ou seus métodos de educar, como o rapaz inconformado por perder a viagem, na analogia. Deus é um Pai que se alegra ou sente tristeza pelos filhos, conforme seja o comportamento destes. A qualidade do nosso relacionamento com o Pai, baseada em amor e obediência, é um fator determinante de nossa vida espiritual.

 Como um pai se compadece de seus filhos, assim o Senhor se compadece daqueles que o temem.

(Salmo 103:13)