Mulheres de coragem sempre existiram. Essas mulheres deixaram pra nós um legado de fé e heroísmo. Faríamos bem em conhecer suas histórias, pois elas nos inspiram em nossos dias angustiosos.

Anne Hasseltine Judson me chama a atenção por ter sido a primeira mulher americana a deixar sua terra natal pra levar o evangelho, em terras estrangeiras. Certamente ela teve que abrir mão do conforto e das benesses de uma vida lhe daria caso permanecesse em solo americano. Nós não saberíamos nada da vida dessa mulher, se ela não tivesse aberto mão de seus direitos a uma vida tranquila e sem sofrimento.

Anne descobriu na sua juventude que estava aqui nesta terra para servir a Deus. Aos 18 anos, depois de ler o diário de David Brainerd, ela escreveu em seu próprio diário sobre sua paixão por orar por todas as nações e sobre sua disposição de ir aonde Cristo quisesse.

Um ano depois, em junho de 1810, quatro jovens estudantes se reuniram com a Associação Geral de Ministros Congregacionais em Bradford. Eles estavam se oferecendo para levar o evangelho às pessoas não alcançadas da Ásia. Um deles foi Adoniram Judson. O filho brilhante de um ministro congregacional, que havia se convertido após um período de rebelião. Como Ann, sua conversão resultou em uma preocupação apaixonada de que todas as nações louvassem a Deus.

Naquele dia, os aspirantes a missionários almoçaram na casa dos Hasseltines. Sem surpresa, Adoniram colocou seu coração em Anne. Um mês depois, ele escreveu ao pai dela.

"Tenho agora que perguntar se você pode consentir em se separar de sua filha no início da próxima primavera, para não vê-la mais neste mundo; se você pode consentir com sua partida e sua sujeição às durezas e sofrimentos da vida missionária. . . a todo tipo de necessidade e angústia; à degradação, insulto, perseguição e talvez uma morte violenta. Você pode consentir com tudo isso, por causa daquele que deixou seu lar celestial e morreu por ela e por você; para o bem de perecer almas imortais; por causa de Sião e para a glória de Deus? "(37)

O Sr. Hasseltine deixou a escolha para Anne, que resolveu se casar com Adoniram e deixar tudo o que sabia para o desconhecido.

Anna escreveu à sua amiga Lydia:  
Sinto-me disposta, e espero, se nada na Providência o impedir, 
passar os meus dias neste mundo em terras pagãs. Sim, Lydia, eu tenho
chegado à determinação de abdicar de todo o meu conforto e
gozo aqui, sacrificando a minha afeição a familiares e amigos,
e ir para onde Deus, na sua Providência, achar por bem colocar-me.

A Índia foi o portal de entrada para os Judson na Ásia.  O casal encontrou o missionário britânico William Carey (1761-1834). Depois de algum tempo no país, Adoniram e Anne sentiram o chamado para seguir a uma terra ainda mais distante, a Birmânia (atual Mianmar). Carey tentou desencorajá-los, pois todos os missionários que por lá haviam passado tinham morrido ou desistido.  Os birmaneses eram conhecidos por serem intolerantes à pregação cristã. Naquela época ainda não havia convertidos entre eles.  

Na Birmânia Anne e Adoniram tiveram que aprender a língua. Anne fez trabalho evangelístico, adotou meninas órfãs, e educou crianças. Em 1821, em conseqüência de prolongada doença, a Sra. Judson voltou sozinha para os Estados Unidos, onde permaneceu até 1823, quando se juntou a seu marido em Rangoon. Dificuldades surgindo entre o governo de Bengala e o império burman, e a tomada de Rangum pelos britânicos em 1824, causaram a prisão de Mr. Judson e vários outros estrangeiros que estavam em Ava, a capital do império burman. Durante dois anos os sofrimentos inexprimíveis sofridos por esses prisioneiros foram aliviados pelos constantes cuidados e esforços da Sra. Judson; e foi em grande medida devido a seus esforços que eles foram finalmente libertados.

Em 1826, o estabelecimento missionário foi removido de Rangum para Amherst; e em outubro daquele ano a Sra. Judson morreu de febre durante a ausência de seu marido. O médico atribuiu o término fatal da doença ao ferimento que sua constituição havia recebido de seus longos e prolongados sofrimentos e severas privações em Ava. Em cerca de seis meses após sua morte, sua única filha, foi colocado ao seu lado. Lendo a biografia somos desafiados a uma vida de renúncia pela causa de Cristo. Anne Judson foi uma mulher de fibra e coragem, cuja missão era doar sua preciosa vida para a preservação dos outros e o avanço da causa de seu Salvador. Que sejamos inspiradas a seguir o seu exemplo.